quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Com pele


Me abres o teu livro,
Para que eu o leia.
É quando me percebo
Preso em tua teia.
Então me sufocas,
Entre dois montes.
Duas torres
Que me roubam o horizonte.
Me prendes entre teus membros,
Tuas bases.
Me machucas,
Tal a força que fazes.
Mas não grito,
Pois sou um homem!
Permaneço e sacio a minha fome.
Me arranhas,
Dilaceras minha pele.
Na tua sandice,
Que à paixão me compele...


Artur Macedo

sábado, 20 de dezembro de 2014

Palavras aos pés


Recolho os restos dos amores,
Desilusões e corações partidos,
E transformo em verso, tudo...
Não é fuga, lamúria tampouco.
É uma partilha de sentimento,
E uma busca por alento,
Uma brisa acalentadora
Soprada dos lábios distantes,
De quem meus versos aprecia.
Não que eu suplique carinho,
Apenas inclino a cabeça,
Na direção das mãos que afagam.
Deito minhas palavras no chão,
Aos pés de quem as lê...
Coisa que não se explica,
Apenas sai do coração
E invade a um outro acolhedor.

Artur Macedo





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Cadeira cativa


Anseio um cantinho nas tuas lembranças,
Em teu coração eu não coube, já sei...
Mas lembre-se com algum carinho,
Com saudade é pedir muito,
Não quero abusar.
Lembre-se de mim apenas
Como alguém que passou,
Mas a contragosto...
Queria mesmo é permanecer em ti,
Nos teus desejos, nas tuas vontades.
Tens uma cadeira cativa
Nos meus delírios em verso.
Sei que é pouco, muito pouco,
Mas é no coração,,,

Artur Macedo





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As pedras


Faço-te uma solene promessa...
Retirar com todo o cuidado
As pedras do meu caminho.
Receio machucar-te,
Misturado entre elas
Pode estar teu coração.
Se o encontrar,
o colocarei à parte.
Não te condeno,
Não te atirarei pedras,
Nem corações, não mais...

Artur Macedo

Rindo do Tempo


Queria viajar no tempo
Ir e vir livremente
Nas minhas melhores lembranças
Apartadas de mim pela barreira intransponível do tempo
E tão perto, na minha memória
Doce paradoxo
Fecho os olhos e pronto
Lá estou eu de novo
Rindo do tempo
Sabendo que ele também se ri...

Artur Macedo






Sem mais

Cai a noite
Escurece o meu sorriso
Fecha-se a vidraça
Mais uma folha que se amassa
Dói a alma
Foge o encanto
O sonho se derrama
Escondo-me sobre a cama
Vem o choro
Finda a estrada
Brotam as águas
Carregadas de mágoa
Vai-se o verso
Digo mais nada
Seca-se a lágrima
Por fim viro a página

Artur Macedo

Nos teus céus

Despenquei das nuvens,
Traspassado por este olhar teu.
Me desconcertou
Desconcentrou o meu voo.
Vi um universo nas tuas retinas,
Quais janelas encantadas,
Vi o teu mundo e me perdi.
Desejei pousar ao teu lado,
Voar nos teus céus,
Neste azul profundo da tua alma,
A ternura que derramas
Com tua mirada tão doce,
De amores contidos, aprisionados.
Deixa-me tentar libertá-los,
Merecer habitar tuas vontades,
E voemos lado a lado,
Serei teu par, e teu amor...

Artur Macedo